quarta-feira, 11 de março de 2009

Vagina de Aluguel

Como a ideia de criar este blog já é tão antiga quanto a preguiça de fazê-lo, já havia criado meu primeiro desabafo em Agosto de 2008. Não posso deixar de compartilhá-lo, ainda que comigo mesmo. Considere as datas ultrapassadas.

"Há duas semanas, venho sendo assediado. Todos os dias. Este fato lamentável tem hora, local e motivo: 10 e meia da noite, Centro de Poa e DINHEIRO. Não, eu não tenho dinheiro. Sim, se trata de prostitutas.

Tudo começou com a minha inocência metropolitana, onde puta é puta, pato é pato e colono é colono. Meu Deus; as putas da Cel. Vicente são agentes do diabo! Vinha eu, voltando da longa jornada diária (que começa às 8 e acaba meia noite), após as aulas acabarem, quando chego até a esquina da independência e penso o que diabos fiz na ida, quando o caminho parecia mais fácil. Meus olhos abriram o sorriso que a boca poupava às ruas gélidas, e concordei que era obrigado a descer a bendita rua. E até então tudo bem, tirando o fato de quase ter virado salame italiano no asfalto, quando atravessei a Alberto Bins sem olhar. Acho que mereci aquela buzinada (mas se tu estiveres lendo isso, enfia teu Celta branco no CU).

Então segui minha descida, ainda desligado - pensando na cena anterior - e tão desligado que meus olhos trabalharam sozinhos, ao verem uma mulher parada na esquina com aquelas calças em que até um babuíno de bunda vermelha fica gostoso, dotada de uma postura ereta, cabelos morenos extremamente lisos, uma aparência normal - o que hoje é raridade - e, o que não fora percebido, com muita maldade no corpo. Percebeu, antes de mim mesmo, que minha visão acidentalmente a contemplava - para sua alegria; era como se a gazela encarasse o leão. A única característica anormal - a mais óbvia de todas - era o fato de ela estar parada, sozinha, em uma esquina do Centro de Porto Alegre às 10 e meia da noite. Não, isso não me chamou a atenção.

Num baque mental, meus pensamentos foram interrompidos com uma frase árdua, pronunciada com uma voz suave e doce; uma contradição totalmente inesperada. Deus sabe o quanto meu coração acelerou - muito mais que quando da buzinada - com o seguinte vocativo:
"- Oi, quer fazer um programa?"
Congelei. Como assim, um programa? Que frase mais ambígua! Como ousava aquela mulher normal dirigir a mim uma pergunta tão complexa? Sinto muito, meu leitor; eu passei reto. Mas voltei no segundo passo. Destemido feito um Poodle albino, dei três passos para trás para tirar informações.

- Depende, como que funciona, querida?
- Onde tu prefere?
- Na tv Globo, é óbvio.
- Oi?

E saí andando, rindo sozinho, orgulhoso como uma gazela que humilhou o leão. Mas notem: ainda sou uma gazela (analogias gays à parte, por favor!). Eu não esperava que a Indústria da Safadeza era tão organizada. Ao descer um pouco mais, senti um puxão no braço seguido de um elogio completamente infundado: "vem cá, gatinho", dizia uma loira farta e apelativa. Ela ganhou - saí acuado feito uma gazela perneta. E 100% ofendido. Minha vontade era voltar e indagar: o que torna o dinheiro tão precioso, quando a horna é vendida? De que vale o arroz, quando o seu feijão é dos outros? (agora sim, façam as analogias que quiserem). "Tudo bem", pensei, "cada um com seu redondo". Ri de tal trocadilho e segui até o fim da rua. Lá, a claridade dos postes e dos ônibus me deram o sabor de casa com o famoso cheiro viamonense. Minha mente estava cansada e torturada; sangrava pudor e arrotava medo. "Eu-sou-uma-gazela", pensava. "Eu sou uma gazela, eu sou uma gazela, elas são leões e eu so uuma gazela, eu sou uma gazela, eu sou uma ga..."
- Vem aqui, meu amor - putiou uma terceira voz à qual sequer olhei:
- TÁ BOM, EU DESISTO, ME LEVA, ME COME, ME ABUSA, SÓ NÃO ME COBRA MUITO CARO, PELO AMOR DE DEUS!

(Pausa dramática)

- Que isso, meu filho! Só queria saber as horas! - disse a tia das pipocas.

6 comentários:

Anônimo disse...

Gostei , continua postando cara!

Anônimo disse...

Eu era o cara do celta branco. Tava de tando um "oi". Pelo jeito tu não queria carona. haushua
Muito bom gazela!!! ahsuahus
Abração.

Jonas Kloeckner disse...

Eu era o cara do celta branco. Tava te dando um "oi". Pelo jeito tu não queria carona. haushua
Muito bom gazela!!! ahsuahus
Abração

Sergio Trentini disse...

esse é meu guri, mas tá muito ruim.

R disse...

Gente! Não sei quem é você (risos, mas é sério, diria Bruna Surfistinha), mas gente! Virei fã. Favoritadíssimo. Espero que eu goste de ti. Vai que eu rasgo seda pra gente com quem costumo usar de falsidade... rs

Unknown disse...

Velho muito bom, DE VERDADE,

Onde?

de preferencia na Globo! sinceramente acho que tu poderia investir na tua escrita cara, de verdade!!!

continua postando, curti mesmo