sábado, 22 de outubro de 2011

Eu, um Cão

Após o maior intervalo sem manifestações aqui, o que dá um aspecto de solidão melancólica admirável ao blogue laranja, escolhi justamente um assunto pouco provável para compartilhar com... vocês?

É a segunda madrugada que passo à base de café, tamanha é a quantidade imensurável do estudo para a primeira prova de anatomia, que se há de passar daqui a dois dias e para a qual não estou preparado MESMO. Sim, café; quem me conhece, ou conhecia, sabe, ou sabia, que eu não tomo café. Não tomava.
Desde que conheci o "Café con piernas", no Chile, minha vida mudou com aquelas pernas. As chilenas que serviram o tradicional café com um short/cinto apertadinho me fizeram perceber tão logo que, sem café, a vida não é compatível com a realidade.

Porém, essa noite eu exagerei. Tomei umas boas cinco xícaras de café bem concentrado, não desperdiçando sequer a borra que por engano ultrapassou o filtro pálido. Algumas horas depois, eu estava mais elétrico que um pikachu selvagem, lendo o livro numa velocidade mais rápida que a própria disposição das palavras, e não tardou para que eu passasse mal.

A sensação de que doze facas afiadas imersas num óleo fervente martirizam sua barriga não é nada agradável, principalmente quando se tem 48h para decorar músculos que, há 5 minutos atrás, sequer existiam no seu mundo. Fui buscar o vômito voluntário, mas este não ocorreu, tendo eu ficado muito, muito angustiado. A ardência infernal me fazia, volta e meia, reclamar em voz alta (sozinho em casa, obviamente).
Quando me dei por conta, estava comendo dois morangos, duas bergamotas, um kiwi e várias uvas com casca. Não sei bem por que optei pelas frutas; talvez por ser a coisa mais próxima de capim que achei no apartamento. Como dizem, "o homem imita a natureza"...

Em alguns minutos, vomitei uma salada de frutas. Quase sem bile, pude notar a água glicídica banhando primeiro gomos quase inteiros de bergamota com sementes expostas, depois algumas cascas de uva, e logo após sementinhas negras de kiwi; fiquei decepcionado por não ter visto o morango.

A sensação gustativa com que saí do banheiro foi a de ter tomado um saboroso suco de frutas doce e tropical. E, finalmente, compreendi os cachorros.