quarta-feira, 18 de março de 2009

Erro Pornô (pt. 2)

E final. Essa foi uma das histórias mais ridículas que já protagonizei em toda a minha vida.

Eu estava atrás dos vídeos que havíamos visto, eu e meu amigo Barradas, na noite anterior. Eu fui escolhido (sem tirar no palitinho) para ser o que deveria entregá-los à locadora; então, caminhei com pressa até sua casa, já que em breve perderia minha carona para casa (mãe). Chegando lá, a casa estava - como de costume - vazia, mas não entrei em desespero; sempre soube onde a chave ficava, assim como todos os amigos de Barradas. Fui até o local sagrado e, com muito esforço, pus-me a contorcer o braço até encontrar o objeto que salvaria a tarde e me permitiria concluir minha missão. Mal sabia eu que, o que estava por vir, jamais seria esquecido por mim e por muita gente. (Peraí, Clodovil acaba de virar purpurina).

Ok, megalomanias à parte, vamos seguir esta inútil história. A chave não estava lá. Satisfeitos? Não, não estava lá! ELA SEMPRE ESTAVA LÁ! Mas é óbvio; naquele dia, ela não estava. Aliás, por que eu estaria contando essa história se tudo tivesse saído como eu queria? Eu não achei a maldita chave. O que faria? Pagaria o dobro do valor em multa? Caramba, por que Barradas não fez a tão simples parte dele de liberar o caminho?

{Não culpem Barradas. Ele não fez por mal. Barradas é um sujeito completamente interessante. Não conheço alguma pessoa que o conheça bem. Filho de agrônomos espíritas, é o mais novo de cinco irmãos, e não menos estranho. Ele sempre nos surpreende com algo, mesmo após quase uma década. Certo dia ele apareceu pelado e (conteúdo censurado) a noite toda. Eu escrevi uma novela dedicada a ele, chama-se A Bíblia Albina e possui comunidade própria no orkut com toda a história. (Sim, é uma obra humorística). Pesquisai}. Nós te amamos, Barradas!

Após este flashback, volto a contar a dolorosa descoberta. Voltar era um conceito descartado: precisava achar um jeito de entrar naquela casa. Faz-se necessário um outro flashback. (Tá parecendo Lost isso aqui):

{Alguns anos antes, durante a doce época escolar, eu tive de invadir a casa do barradas através das grades da cozinha por algum motivo. 10kg mais magro, consegui sem dificuldade}

Nesse recente dia, porém, a ideia me passou pela cabeça novamente, mas o fato de estar 10kg mais gordo pareceu não fazer parte do meu íntimo intelecto. Eu tentei, e, obviamente, fracassei. Demorei horas para pular até a viga que sustenta o lado de fora da janela da cozinha, onde se encontram as grades. Eu consegui chegar lá, lado a lado com a janela, frente a frente com a grade da cozinha. Elas tinham um espaçamento de um palmo, talvez pouco menos; mas é óbvio que não vemos facilmente as mudanças negativas em nossa vida.

Quando entalei na grade, a uma altura de três metros do chão da rua e um metro e meio do chão da cozinha, percebi que o cheiro daquilo era terrível. A grade estava coberta de substâncias gordurosas e dejetos felinos (um presente do Esperidião, fugitivo gato do Barradas). Eu estava entalado, engordurado e cagado. Alguns minutos depois, consegui sair para fora da casa de novo. É, era impossível passar por aquelas grades; além disso, estava me sentindo um pedaço de esterco.

Passei alguns momentos esperando do lado de fora da casa de novo. O que fazer? O tempo estava passando, era preciso agir rápido. O dvd estava no último andar, mas eu não conseguiria chegar lá sem entrar em alguma daquelas janelas próximas de mim. Deus queria que eu me desse mal e me fez enxergar a janela entreaberta no quarto do Barradas.

Empenhei-me como um macaco-prego para adentrar aquela alta janela. Havia algumas lenhas ali perto, e usei-as primeiro para afastar o vidro, e depois as coloquei abaixo de mim para alcançar mais facilmente a tal abertura. Com algumas sujeiras na parede (e mais ainda em minha roupa), consegui pular para o quarto do indivíduo. E adivinhem o que encontro ao lado de sua cama? Sim, a chave. Criei uma teoria (último flashback, prometo):

{Barradas chegara tarde na noite anterior. Havia esquecido a chave de casa. Por isso, usou a reserva (motivo pelo qual não estava no lugar em que procurei). Em vez de colocá-la de volta no esconderijo, o esquecimento o fez levá-la consigo no bolso. Ao chegar em seu quarto, com muito sono, tirou as calças e esvaziou os bolsos, só então percebendo que sua chave reserva estava lá. A preguiça o fez deixá-la em um local onde se lembraria pela manhã. Mas isso não aconteceu. Óbvio}.

Tá bom. Não havia tempo a perder. Eu ainda estava fedendo e queria mais do que nunca ir para casa. Subi as escadas com pressa e agarrei o dvd com fúria. Foi quando notei que o cheiro de merda não era psicológico: minhas roupas estavam devidamente nojentas. Precisava, mais do que tudo, tirá-las - e o local era tão seguro... Barradas estava sozinho havia muito tempo. Seus pais estavam possivelmente na praia, ou em alguma de suas viagens inexplicáveis.

Eu tirei minhas calças primeiro. Depois, tirei vagarosamente minha camisa e me senti o homem mais limpo do mundo! Ah, que alívio não estar mais cagado, cara. Bom, vestir aquilo era a última coisa que eu queria, portanto... fui tratar de despachar o DVD. O tempo que levei foi muito extenso, e não daria tempo de levar na locadora. Botei o valor integral da locação em um local à vista e desci para usar o telefone. Desci as escadas, passei por inúmeros cômodos e cheguei até a sala do computador, só de cueca, onde o aparelho se localizava, e de lá liguei e orientei minha mãe, que estava a caminho. Desliguei o telefone me sentindo um homem livre. Barradas só chegaria algumas horas depois, e ele entenderia completamente. Estranho; nessa hora ouvi um barulho vindo de fora da salinha. Devia ser o Barradas. Ora, teria de explicar e ele ia rir um pouco, mas nada de preocupante. Atento a isso, fui em direção à porta da sala do computador e entrei no pequeno corredor que o separa da grande sala. Na direção oposta, vinha uma das maiores surpresas da minha vida. Fernando.

Fernando é um dos irmãos de Paulo. Ele é um sujeito completamente sério. Sério mesmo, nunca o vi sorrir. Também o vi pouquíssimas vezes; ele ignora muitas coisas, é daqueles caras misteriosos que provavelmente se atentam muito ao trabalho e nada mais. Um típico homem de negócios, com um óculos e aparência de intelectual. Ele deve ter 37 anos (chute). Vou descrever a cena e o diálogo com total precisão, na íntegra mesmo.

Fernando vem em direção à salinha, olha para mim, olha para minha cueca, abaixa a cabeça, cumprimenta tão baixo e secamente que mal pude diferenciar de um arroto discreto e depois entra na salinha do computador. Eu fico em estado de choque por alguns milésimos de segundos, mas como sempre, em situações desse tipo é necessário agir. Foi então que regurgitei a frase mais natural que já consegui formular:

- Eu tenho uma ótima razão pra estar assim. - Fernando deixa levemente o músculo do maxilar mexer-se para um dos lados enquanto sua cabeça seguia baixa, o que entendi como um sorriso. O silêncio me corroeu por tanto tempo, e me senti tão açoitado que tive de reagir de novo - Eu sujei minhas roupas de um jeito inacreditável!

Mas ele não falou ABSOLUTAMENTE NADA!

Ainda chocado, subi as escadas e me vesti instantaneamente. Me senti uma ninfeta sendo descoberta pelo pai em posições eróticas para a webcam. E a dor era quase a mesma. Meu coração palpitava de modo assutador. Lá de cima, já vestido, pude notar que ele já havia feito o que tinha que fazer (ele não morava lá, apenas tinha ido usar o computador por algum motivo) e estava indo embora, passando pela sacada interna que permite que de um andar se enxergue o outro. Não satisfeito com a desculpa dada, arrisquei um "Vou pegar uma calça do Paulo emprestada, tudo bem?" e recebi de volta um "Pode pegar...".

Conforme não ouvia mais seus passos, afundei-me em lástimas e pena de mim mesmo. Desci de novo e escrevi parte do que aconteceu para Barradas, e só não concluí porque minha mãe chegara; veio junto de meu pai. Contei a eles para aliviar a culpa, mas eles riram. Contei a todos os amigos pelo mesmo motivo, mas todos riram.

Mas para mim... o trauma só foi superado... ontem.

9 comentários:

Anônimo disse...

Eu lembro quando tu me contou, cara! AIHEEAOIHAOIEIA Os detalhes não morreram na tua cabeça, nenhum deles!

Anônimo disse...

Eu lembro quando tu me contou, cara! AIHEEAOIHAOIEIA Os detalhes não morreram na tua cabeça, nenhum deles!

Unknown disse...

É impossível morrer quando é verdade aehuaeuhahu

Gabriel disse...

desculpa, cara... mas eu ri... xD

Anônimo disse...

Tcheê, 3 coisas.
Primeira: "Quando entalei na grade, a uma altura de três metros do chão da rua e um metro e meio do chão da cozinha,(...)" se tu estava a 3 metros do chão, sendo que 1,5 metros eram da cozinha, a casa do outro irmão que mora em baixo teria só 1,5 metro de altura.
Segundo: "(...), tirou as calças e esvaziou os bolsos,(...)" Barradas não tira as calças pra dormir.
Terceiro: DEMAAAIIISSS HAUSHUAHSUAHUSHA. A riqueza de detalhes desta historia é incrivel. Ri por dias quando me contaste.
Abraço meu escritor preferido.

Anônimo disse...

Suspiro de alívio por tu não ter feito nenhuma burrada pior quando tu achou que era o Paulo se aproximando da sala do computador, cara, tu podia muito bem ter saído e dado um susto nele, só de cueca... só de cueca!

Só ri demais!! Desculpe?

Unknown disse...

Alemão, eu não tinha trena na hora. Sinto muito pela imperfeição e valeu pelo elogio auhauehau

Fran e Gabriel, essa é a hora para rirem. Eu já superei, eu posso contar até pro meu psicólogo numa boa! :D

Valeu pessoal!

Anônimo disse...

O evento mais engraçado da minha atual casa. Se não, no mínimo entre os 3 mais.

Ney Neto disse...

tu poderia ganhar dinheiro apenas existindo. vai ter uma vida comica assim na puta que te pariu. te odeio por ser mais ingraçado que eu.