Eu quero provar, com quatro fatos isolados, que é preciso ter muito cuidado, porque o mundo está acabando.
1º - O MENDIGO AZARADO
Aquele dia do chinês (que, a propósito, ainda não me adicionou...), no fim da tarde, quando esperava o ônibus para a viagem final do dia, um mendigo abordou-me na parada. Nunca vi tamanha cultura em um só mendigo.
- Boa tarde, meu amigo, olha só, eu não to aqui porque eu quero. Eu sou morador de rua, mas eu era trabalhador, eu catava lixo - nessa hora, botei a mão na minha lasergun, temendo um novo assalto imbecil. E antes de ele continuar, perguntei:
- Tá, peraí. Por que tu não cata mais lixo?
- É por causa do meu dedo... - e mostrou a mão. Caras, o arrepio que eu senti me fez sentir pelado no Ártico, comendo Halls preto e cheirando gelo seco. O dedo dele tinha um "centrômero": uma bola gigantesca exatamente no meio, onde eu pude enxergar além de pus: os OSSOS do cara, amarelados e com pedaços de carne por volta. Essa foto não chega nem perto; eu ia colocar outra, mas as meninas iam se negar a ler o post com uma foto próxima à imagem que vi. Desde o estágio no Fórum Viamonense, pensei que estava preparado para qualquer situação asquerosa (exceto BMG Videos), já que pouco me enojei assistindo a "Two Girl, 1 Cup". Mas aquele dedo... A despeito da visão infernal, que me fez ignorar cada palavra que ele falou depois, tentei manter a calma.
- Cara, o que é que tu fez nesse dedo?
- Eu tava catando lixo e deixer cair a tampa em cima dele... e tu acredita que me roubaram as latinhas ainda?
- Meu, tu tem que cuidar disso daí urgente! Tu foi ver isso já?
- Fui, fui, tava com curativo hoje, mas molhou e tive que tirar...
- E tu tá tomando alguma coisa?
- Sim, eu to tomando uns remédios aí...
- Mas onde tu consegue?
- Ah, ali em cima, ali...
Tive certeza de que ele não estava tomando remédios. Acho mesmo que o coitado tornou aquilo sua nova fonte de renda, mas pensei racionalmente: não posso resolver o problema dele de amanhã... então vou resolver ao menos o de hoje. E já que passará uma noite terrível, fria e extremamente dolorosa, que fume algo ou beba uma cachaça bem forte. Dei-lhe os R$ 5,00 que menos me fizeram falta na vida. Ele agradeceu e provavelmente foi comprar alguma droga tão pesada quanto a sua situação.
2º - O ATAQUE
Eu estava dormindo às 6:40 da manhã. No ônibus, é claro. Para compensar a triste sina de morar em Viamão e gastar 3h do meu dia em transporte, vou e volto em uma lotação completamente confortável, não muito diferente de minha cama. E sentado numa poltrona reclinável da fila de poltronas únicas (ato de puro egoísmo, para não acordar com um gordo fedido sentando ao meu lado), acordei às 6:41 (arredondadamente) com um barulho completamente assustador. Era como se o motorista houvesse ligado o rádio no volume máximo, só que em uma estação que não pegava (aqueles barulhos de TV que não pega). Acordei apavorado, com o coração disparado. Não entendi nada; contudo, não demorou muito para perder a lucidez de vez. Quando vi a poltrona única da frente tremendo sozinha, como se estivesse sozinha em um terremoto, saltei da minha poltrona pensando estar louco, completamente cagado.
Quando me virei para a poltrona da frente, de pé no corredor, vi uma cena tanto ou mais apavorante do que a do mendigo, já que, dessa vez, não fazia a MENOR idéia do que fazer: um cara estava se debatendo com muita força contra a poltrona, de olhos fechados e com uma cara de dor. Pensei em tudo em poucos segundos: seria um ataque cardíaco? Um exorcismo? Uma abdução extraterrestre? Depois, racionalmente, concluí que era um ataque epilético. E, como recomendado quando não se sabe o que fazer, deixei-o tendo seu magnífico ataque, e fiquei do lado dele de pé, cuidando para não ser babado. Nisso, levantou-se um amigo do cara e uma moça anônima, que provavelmente era enfermeira, ou muito metida, porque fingiu muito bem saber o que fazer. Ela segurou o pescoço dele, inclinando para cima levemente, e em breve ele parou de se debater, e passou a respirar muito ofegante, dormindo normalmente. Enquanto chamavam a ambulância, o motorista parava na Brigada Militar, a moça cuidava do convulsivo e eu interrogava o amigo:
- Tu já viu ele assim antes?
- Não, nunca vi...
- Ele sofre de epilepsia?
- Não sei, não sei... só sei que ele andava fazendo uns exames da cabeça aí...
- Tu trabalha com ele?
- Não, mas vou ligar pros caras lá, não se preocupa.
Quando a ambulância chegou, desceu um enfermeiro malandrão: "fala meu, vem na manha aí, te liga meu, não vai embolotar na roleta" e o enfermo cambaleou para fora do micro. Dias depois, descobri pelo amigo do cara que ele tinha batido a cabeça dias antes, e que sequer havia ido ao médico para ver isso.
* Os outros dois fatos restantes, hei de contar no próximo post. Um beijo no umbigo de cada um de vocês.
11 comentários:
Aguardo ansiosamente os outros 2 fatos!;)
Bjus e bom fds!
Bah, entrei no blog pensando: "Tomara que tenha um post novo, tô precisando de umas risadas"
Maaas, pelo menos consegui 1/2 do meu desejo.
Beijo no lombo!
Tenha muito cuidado, Marcelão.
Talvez nos próximos tu esboce um leve sorriso asduhasuha
abração
meu guri
oba! beijo no umbigo \o/ *lendo só o fim pra comentar*
são posts que envolvem teu futuro, vai te acostumando ;) besos!
É, viver é um negócio muito perigoso.
entrei no blog igual o marcelo... mas, mesmo não realizando meu desejo, gostei do que encontrei :]
Entrei no blog só pra ver aquelas bundinhas do outro post.
isso sempre acontece comigo, só dão valor pras fotos :(
aqui as fotos não carreg... perai, mas olha essas bundinhas :99
Postar um comentário