quinta-feira, 9 de julho de 2009

Fatos Fodas (pt. 1)

Eu quero provar, com quatro fatos isolados, que é preciso ter muito cuidado, porque o mundo está acabando.

1º - O MENDIGO AZARADO

Aquele dia do chinês (que, a propósito, ainda não me adicionou...), no fim da tarde, quando esperava o ônibus para a viagem final do dia, um mendigo abordou-me na parada. Nunca vi tamanha cultura em um só mendigo.
- Boa tarde, meu amigo, olha só, eu não to aqui porque eu quero. Eu sou morador de rua, mas eu era trabalhador, eu catava lixo - nessa hora, botei a mão na minha lasergun, temendo um novo assalto imbecil. E antes de ele continuar, perguntei:
- Tá, peraí. Por que tu não cata mais lixo?
- É por causa do meu dedo... - e mostrou a mão. Caras, o arrepio que eu senti me fez sentir pelado no Ártico, comendo Halls preto e cheirando gelo seco. O dedo dele tinha um "centrômero": uma bola gigantesca exatamente no meio, onde eu pude enxergar além de pus: os OSSOS do cara, amarelados e com pedaços de carne por volta. Essa foto não chega nem perto; eu ia colocar outra, mas as meninas iam se negar a ler o post com uma foto próxima à imagem que vi. Desde o estágio no Fórum Viamonense, pensei que estava preparado para qualquer situação asquerosa (exceto BMG Videos), já que pouco me enojei assistindo a "Two Girl, 1 Cup". Mas aquele dedo... A despeito da visão infernal, que me fez ignorar cada palavra que ele falou depois, tentei manter a calma.
- Cara, o que é que tu fez nesse dedo?
- Eu tava catando lixo e deixer cair a tampa em cima dele... e tu acredita que me roubaram as latinhas ainda?
- Meu, tu tem que cuidar disso daí urgente! Tu foi ver isso já?
- Fui, fui, tava com curativo hoje, mas molhou e tive que tirar...
- E tu tá tomando alguma coisa?
- Sim, eu to tomando uns remédios aí...
- Mas onde tu consegue?
- Ah, ali em cima, ali...
Tive certeza de que ele não estava tomando remédios. Acho mesmo que o coitado tornou aquilo sua nova fonte de renda, mas pensei racionalmente: não posso resolver o problema dele de amanhã... então vou resolver ao menos o de hoje. E já que passará uma noite terrível, fria e extremamente dolorosa, que fume algo ou beba uma cachaça bem forte. Dei-lhe os R$ 5,00 que menos me fizeram falta na vida. Ele agradeceu e provavelmente foi comprar alguma droga tão pesada quanto a sua situação.

2º - O ATAQUE

Eu estava dormindo às 6:40 da manhã. No ônibus, é claro. Para compensar a triste sina de morar em Viamão e gastar 3h do meu dia em transporte, vou e volto em uma lotação completamente confortável, não muito diferente de minha cama. E sentado numa poltrona reclinável da fila de poltronas únicas (ato de puro egoísmo, para não acordar com um gordo fedido sentando ao meu lado), acordei às 6:41 (arredondadamente) com um barulho completamente assustador. Era como se o motorista houvesse ligado o rádio no volume máximo, só que em uma estação que não pegava (aqueles barulhos de TV que não pega). Acordei apavorado, com o coração disparado. Não entendi nada; contudo, não demorou muito para perder a lucidez de vez. Quando vi a poltrona única da frente tremendo sozinha, como se estivesse sozinha em um terremoto, saltei da minha poltrona pensando estar louco, completamente cagado.

Quando me virei para a poltrona da frente, de pé no corredor, vi uma cena tanto ou mais apavorante do que a do mendigo, já que, dessa vez, não fazia a MENOR idéia do que fazer: um cara estava se debatendo com muita força contra a poltrona, de olhos fechados e com uma cara de dor. Pensei em tudo em poucos segundos: seria um ataque cardíaco? Um exorcismo? Uma abdução extraterrestre? Depois, racionalmente, concluí que era um ataque epilético. E, como recomendado quando não se sabe o que fazer, deixei-o tendo seu magnífico ataque, e fiquei do lado dele de pé, cuidando para não ser babado. Nisso, levantou-se um amigo do cara e uma moça anônima, que provavelmente era enfermeira, ou muito metida, porque fingiu muito bem saber o que fazer. Ela segurou o pescoço dele, inclinando para cima levemente, e em breve ele parou de se debater, e passou a respirar muito ofegante, dormindo normalmente. Enquanto chamavam a ambulância, o motorista parava na Brigada Militar, a moça cuidava do convulsivo e eu interrogava o amigo:
- Tu já viu ele assim antes?
- Não, nunca vi...
- Ele sofre de epilepsia?
- Não sei, não sei... só sei que ele andava fazendo uns exames da cabeça aí...
- Tu trabalha com ele?
- Não, mas vou ligar pros caras lá, não se preocupa.

Quando a ambulância chegou, desceu um enfermeiro malandrão: "fala meu, vem na manha aí, te liga meu, não vai embolotar na roleta" e o enfermo cambaleou para fora do micro. Dias depois, descobri pelo amigo do cara que ele tinha batido a cabeça dias antes, e que sequer havia ido ao médico para ver isso.


* Os outros dois fatos restantes, hei de contar no próximo post. Um beijo no umbigo de cada um de vocês.

11 comentários:

Patrícia Andréa disse...

Aguardo ansiosamente os outros 2 fatos!;)

Bjus e bom fds!

Marcelo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcelo disse...

Bah, entrei no blog pensando: "Tomara que tenha um post novo, tô precisando de umas risadas"

Maaas, pelo menos consegui 1/2 do meu desejo.

Beijo no lombo!

Unknown disse...

Tenha muito cuidado, Marcelão.

Talvez nos próximos tu esboce um leve sorriso asduhasuha
abração

Sergio Trentini disse...

meu guri

Paola disse...

oba! beijo no umbigo \o/ *lendo só o fim pra comentar*

são posts que envolvem teu futuro, vai te acostumando ;) besos!

Diogo disse...

É, viver é um negócio muito perigoso.

Diane disse...

entrei no blog igual o marcelo... mas, mesmo não realizando meu desejo, gostei do que encontrei :]

Diogo disse...

Entrei no blog só pra ver aquelas bundinhas do outro post.

Unknown disse...

isso sempre acontece comigo, só dão valor pras fotos :(

sérgio disse...

aqui as fotos não carreg... perai, mas olha essas bundinhas :99