quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Como Irritar Argentinos

Estive me contendo a tarde toda para não postar de novo, já que tenho feito isso com uma frequência incomum, mas eu não me aguentei.

Hoje às 11h estava lá na SMTUR quando alguém se deu conta de que eu não deveria estar lá, e sim em mais um SAT atendendo estrangeiros loucões, e então peguei um "busão" e acabei no Gasômetro de novo, de onde vos teclo. Mal chegara, meu amigo Max veio me convidar para que batêssemos um papinho na hora do almoço, tendo vindo até aqui. Fomos às pizzas do orgasmo glicídico (aquelas do post do chinês) e depois voltamos, e ele me acompanhou durante a difícil tarde de repouso no Serviço de Atendimento ao Turista.
Veio um francês bem bacaninha perguntando sobre um passeio de barco. Mal percebemos a linhagem real do jovem, que mais parecia um porto-alegrense, posto que era gringo, mesmo. Nosso inglês foi mutuamente cultivado com calma e com carinho e logo nos despedimos. Cheguei a comentar com o Max, que só ficara olhando: "essa é a parte boa do SAT".

Até que chegou um casal de argentinos.

Eles queriam sair de Porto Alegre, pegar a ponte do guaíba e voltar para a terrinha deles. Começaram a falar um español muito elaborado, exigindo-me o máximo de conhecimento, e, vencido, perguntei se falavam inglês. Foi quando a mulher, já puta da vida (típico estilo castellano) veio com a velha tática da silabação, perguntando sobre uma tal RUA 90. Demorei para entender que a idéia era fugir daqui, e o stress dos dois era muito engraçado. Perguntei de onde vinham para o homem e ele deu a entender que não queria conversar, que estava nervoso demais tentando sair da cidade e não achava informações concretas. O Max começou a me ajudar (grande garoto!) puxando um mapa e enrolando eles enquanto eu ligava para a garota-sabe-tudo do outro SAT (que fica a uns 10min daqui), à qual passei os argentinos. A argentina se negou a falar no telefone, até que a convenci e ela pegou, mais braba do que nunca, mas sem perder a pose "pseudo-européia". Enquanto ela estava no telefone, tentei explicar com calma para o marido dela, que literalmente se negava a tentar compreender. Assim que ele falava algo, sua mulher ralhava muito; "No hables ahora!". Comparando com o francês de antes, ou mesmo com o alemão da semana passada, é que percebemos a diferença entre ser e querer ser.
Ela acabou se entendo com a moça do outro SAT e pediu para CHEGAR ATÉ LÁ, e de lá conseguir informações: uma forma de nos "humilhar" tipicamente argentina. Depois agradeceram sem sorriso algum e, mal saíram da porta de vidro, começaram a falar mal de nós. Rimos um pouco e até agora me sinto triste. Não por não ter dado a informação correta, mas por não ter dado uma incorreta e sacaneá-los. Grr...
Mas até aí eu ainda não estava convencido de postar. Ao contrário: passei a tarde vendo um blog chamado Hoje É Um Bom Dia, escrito por um verdadeiro geniozinho da comunicação, do qual adoraria ser amigo. Nunca os contei, creio, mas a idéia de fazer esse blog vem de muitos anos atrás, e foi totalmente inspirada no HBD. Inclusive, era para ter se chamado "Hoje É Um Dia Comum", e isso estava decidido; não obstante, o receio de plagiar bloqueou minhas espectativas e eis o Tenha Muito Cuidado.
Após este flashback, lembro-me de que o Max já havia ido embora, e o verdadeiro motivo deste post apareceu: uma senhora apontou-se descendo as escadas em direção à porta de vidro deste sat, atraída por algum papel que tem na parte de dentro da sala. Acompanhei com os olhos todo o trajeto da velhinha curiosa, que veio se aproximando cada vez mais, e mais... até que deu de cabeça no vidro com muita força, fazendo uma cara tão engraçada que eu me escondi atrás do balcão. Ela, é claro, percebeu, indo embora muito arrependida.

Eu teria parado por aí; no entanto, antes de eu terminar o parágrafo acima, logo após postar o link 'da concorrência' que os divertirá mais do que aqui, mais um casal de argentinos (desta vez mais jovens) veio pedir informações sobre câmbios e um mapa. Mordi a língua: foram extremamente educados e compreensivos com a minha debilidade informacional. No entanto, isso me motivou a ligar para os lugares e achar a resposta para tudo que precisavam, o que fez o argentino concluir, entre risos: "en portuñol acabamos por nos entender"

Seus filhinhos gritavam impacientes coisas do tipo: "YO EMPECÉ A TENER HAMBRE!". Mal sabem eles que para onde vão tem McDonalds: o sanduba de todas as linguagens.

8 comentários:

Xam disse...

AAAAAAAAAAAAAAAAA!
Perdi a velha!
uhashuasuhuhsauhuhas
Abraços

Liliane disse...

Tenho adorado a frequência... Querido, a questão não é a nacionalidade das pessoas, são as pessoas mesmo. Assim, argentinos, franceses ou pernambucanos, alguns serão atenciosos e educados e outros grosseiros e completamente sem educação! E, quando o ser humano tem vontade, ele encontra uma maneira de se entende com o outro.
Imaginei a cena da velhinha e dei boas gargalhadas! Especialmente tua expressão olhando ela se chocar contra o vidro...

francielle disse...

O problema pode até ser as pessoas mas que os argentinos são uns mau educados isso é verdade!!!
Aqui em SC ta cheio deles e eles não respeitam nada...não param na faixa de segurança, jogam lixo na praia...acham que a praia é deles:/
Sem falar no cabelinho horrível que eles usam...heheh

Marcelo disse...

Eu também tenho gostado da frequência dos posts!
E só de imaginar a cena da velinha eu começo a rir

Fátima disse...

Caro Lucas, sugiro que da próxima vez, tu perguntes aos argentinos quantos botox eles já pagaram para a presidente do país deles.Quando estive lá em janeiro, todos os dias lá estava a senhora, hablando, hablando e hablando... nos canais de televisão.No avião de ida, tinha um senhor lendo um livro de uns três dedos de expessura, cujo título era: El Dueño- como Nestor Kirschner controla os negócios públicos e privados da Argentina.Depois da crise que colocou os orgulhosos hermanos que preferem morrer de pé do que viver ajoelhados, literalmente de joelhos eles só estampam sua expressão altiva quando saem de suas fronteiras.Tenha certeza que lá tu encontras pessoas interessantes e muito legais.O grande problema é que quando dão de cara conosco tem receio da famigerada pergunta: Quem és mejor Pelé ou Maradona?Além disso o PIB de São Paulo equivale ao da Argentina toda, já pensou? Claro que não dá para comparar, mas que é mais um complexo para eles é, no mais lá dentro eles não tem mais pose.

TAWANE disse...

Que otimo esse comentario ai de cima .......

Anônimo disse...

Cara, vc escreve muito bem!

Lucas Di Marco disse...

Mesmo após um ano, dois meses e vinte e quatro dias, um elogio é um elogio. Obrigado, anônimo.