terça-feira, 5 de maio de 2009

Herrar é Umano Di Novu


E cá estou eu novamente. Fiquei satisfeito, após uma longa pesquisa, em saber que não há variações quantitativas ao ditado que deu nome a esta postagem; quero dizer, se errar de novo é burrice, o que seria errar mais uma vez? Burrice ainda? Uma burrice maior? Uma burrice estúpida? Nã-nã-não: nada disso consta no provérbio.

Depois de justificar-me por mais uma retardadice cometida por mim, cujo maior erro é crer em mestres, posso contar-lhes sucintamente a incrível experiência que resolvi fazer após algumas aulas de pressão atmosférica. Rezou o professor que, ao furarmos uma lata em um ponto apenas, pouco sairá por lá, uma vez que o ar entrará com muita dificuldade. Por outro lado, abrindo a lata em dois locais diferentes, o ar entraria por um furo e o azeite, ou o soro, ou qualquer que seja o substrato que as donas de casa queiram extrair daquele pedaço de ferrugem SAIRÁ FACILMENTE pelo outro buraco. Tudo isso não era novidade, tanto na prática quanto na teoria, para mim e para todos; o problema foi o que o imbecil falou depois:

"Vocês nunca tentaram abrir uma lata de leite cortando só um lado? Isso é sujeira na certa, não? O quê? Vocês nunca tentaram abrir os dois lados? É a mesma aplicação da lata, gente!"

É uma pena que eu não ouvi as respostas dos colegas, tão focado fiquei. Cheguei em casa com vigor e orgulho de quem iria se redimir pela maldita experiência do sabonete. Era outro professor; algum tinha de falar a verdade! E lá fui eu. Obrigado aos leitores novos.

Eu sempre tive pouquíssima capacidade motora para as ações mais simples, excetuando-se às que envolvem abrir e fechar garrafas de refrigerante ou pacotes de pastilha Garoto (sabor menta), únicos produtos que me mantêm adepto ao capitalismo. E provavelmente por conta disso é que nunca experimentei café, detesto chá e tenho repugnância de condimentos (favor, não discordar): são de extrema fragilidade alimentícia; o café e o chá devem ser bem preparados, além de não serem dignos de uma aparência muito saborosa; os condimentos... tu apertas um lado e ele peida pelo outro, bem na hora do jantar. Porém, não querendo mudar de assunto, também justifico com a falta de habilidade com produtos domésticos o fato de eu tomar pouquíssimo leite, somente consumindo-o junto de queijo derretido, um molho criado especialmente pelo papai aqui (não tentem fazer isso em casa), ou então com cereal, somente em época de olimpíada. Ou seja: eu sempre derramei o leite no chão ao me servir, e esse "sempre" é digno de ser grifado, já que de fato não me lembro de uma vez que não tenha ocorrido tal desgraça. Assim sendo, resolvi acreditar piamente naquela figura messiânica que, não por menos, costumamos culturalmente odiar durante os tempos de escola.

Eu não perdi tempo. Ignorei o jantar: era hora de comer meu doce e saboroso molho de leite ao queijo derretido, e quiçá um pedaço de pão velho, azar, o que importava no momento era ABRIR O MALDITO LEITE EM DOIS LUGARES! Certifiquei-me de que ninguém estava vendo; por sorte, havia brasileiras fantasiadas de indianas vulgares exibindo-se na tv, o que chamou a atenção não só de minha mãe, mas de minha irmã, de meu pai e só não a do meu irmão porque o mesmo não se fazia presente no recinto. Era o meu momento.

Peguei a tesoura na segunda gaveta da pia, abri a geladeira: já havia um leite aberto. Triste fiquei, mas não sou lá um daqueles que desistem fácil, e utilizando o melhor do "jeitinho brasileiro" que aprendi na tv, escondi aquela caixa no fundo da geladeira, após os refrigerantes e margarinas, e todas aquelas porcarias que ninguém sabe o nome. Abri o armário de baixo e catei uma caixa em que se lia: "Leite Integral". Não sou um belo apreciador de leites; não vejo mesmo a menor diferença entre essas caixas, a não ser que elas venham em cores diferentes. Chegara o momento de passar a tesoura. O fiz em um lado. E depois no outro.

Era tarde demais para se arrepender: apertei a caixa, virando-a 180º ao mesmo tempo, em direção a uma xícara em que adicionaria o queijo após, e em menos de dois segundos...

- Mãe...
- Quê?
- Onde tem um pano de chão?
- Ah, te vira guri. Eu to vendo a novela.
- Tá...

*O beiço de baixo caiu. Inutilmente.*

10 comentários:

Marcelo disse...

Não sei como tu erro isso!!
eu sempre faço assim quando vo abri uma caixa de leite aqui em casa oO

Paola disse...

não sei como tu errou isso (2) e não mente, guri! tu come um condimento. um, mas come.

Sergio Trentini disse...

aeiioeaheaoieiao!
muito bom luquinhas!

Unknown disse...

nossa, lucas! como tu é sutil. não deu nem pra reparar quase, só pq eu estava muito atenta mesmo :P
sério que teu professor falou em "lata" de leite? eu só conheço a caixa mesmo. ;]

bom, eras...
beijo :*

Gabriel disse...

cara... eu também virava invariavelmente o leite. virava. até o dia em que eu descobri a técnica mágica... é tão simples! estava lá o tempo inteiro. a própria caixinha de leite me avisava. mas eu a ignorava sumariamente. até que eu vi minha sogra abrir a caixa de leite deste modo sublime e mágico: ela cortou seguindo o pontilhado.
ela seguiu as instruções da embalagem. aquele vezinho, saca? cortando em V, a ponta da caixa vira tipo um bico, e fica muito difícil virar, acredite se quiser.

Paola disse...

é, quando tu falou em lata pensei na possibilidade de ser leite condensado... que também tem um jeito pra abrir e não voar pra tudo que é lado.

Unknown disse...

Achei que aquele V pontilhado fosse pra brincar de recorte depois que a caixa ficasse vazia... :(

(e a lata a que me refiro é de azeite, diz na postagem!)

Patrícia Andréa disse...

Pra ser bem sincera nunca tinha ouvido falar disso tb...
Mas lembro q minha mãe sempre dizia q qdo se vai comer algo mto quente (como um pastel, por exemplo), é melhor morder dos dois lados e soprar, pq daí dá uma esfriada e vc nã queima a língua.
Bjus e bom fds!

Gabriel disse...

cara... tentei o lance do sabonete o olho com os da natura, que dizem ter ph fisiológico...



ardeu igual... u.u

Anônimo disse...

Obrigado por Blog intiresny