Em que pesem as mudanças em meu perfil do Orkut, não pretendo perder este texto, que possui um certo valor aos meus olhos. Quem já leu, peço desculpas pela decepção, e já aproveito para explicar o porquê de eu estar tão ausente por aqui: em alguns dias, a cobra vai fumar.
Então, lá vai. Abraços!
"Meu jovem garoto, eu estou perto dos meus 20 anos de idade agora. E já consigo imaginar como serão os teus. Eu nasci em uma época em que tudo mudou. Pergunto-me se sequer conseguirás me compreender, mas já adianto que, hoje mesmo, poucos podem, e portanto um pouco de esforço e de atenção já bastam.
Eu sou da época em que a AIDS não tinha cura. Ainda não tem. As pessoas usam preservativos (objetos nas genitálias) para evitar a contração de doenças venéreas. O que te parece? E enquanto o governo libera coquetéis para retardar a morte, alguém (que tu já deves saber) ainda omite as soluções para tal epidemia. Por quê? Controle demográfico? Interesses financeiros? Responde-me tu, guri!
Na minha época, a revolução eletrônica explodiu. Televisões, que há anos já tinham ganhado cores, agora as têm muito mais, e em formatos compridos, imitando o velho cinema que nem deves mais conhecer. Pesquisa no Google, se ainda existir. Nessa época, ainda utilizamos computadores quadrados em forma de televisão. Eles parecem muito potentes, mas nunca o são como queremos, e certamente vão-te parecer tão ultrapassados como uma vitrola hoje me parece. Vitrola? Ah, nem sei te explicar o que é.
Eu nasci poucos anos antes da internet virar popular. Aos meus oito anos, lembro-me do meu primeiro acesso, num computador velhíssimo, e em uma velocidade que hoje me faria chorar de desespero. Como tu a verias? Para acessar a página inicial do Pokémon (um velho desenho animado oriental), eu levava quase 30 minutos e não desistia. Hoje, para ver um vídeo no Youtube (website para tal função), levo 5 minutos e reclamo, coberto de indignação. Será mesmo que um dia esperarás para acessar algo? Se é que existirá internet...
Pergunto-me hoje o que eram das pessoas antes do computador. Refiro-me a bem antes; se um dia elas imaginariam que uma caixa quadrada interligaria o mundo inteiro com um clique e alguns minutos de espera, e ainda suportasse jogos que copiassem a realidade. Meu amigo, eu não consigo imaginar o que é que tens em tua residência. Que tipo de objeto superou o Ipod, o celular, o notebook e o MP3 player, mas, analisando o passado, imagino que pensarás o mesmo que eu penso hoje: "como eles viviam sem isso?". Eu não tenho lá tanta experiência para te passar, meu descendente, mas sei já de uma coisa: nunca se sente falta do que não se conhece.
Eu lembro que, quando nasci, conheci os discos de LP e os achei ultrapassados. Na minha época inventou-se o disquete portátil, compacto, em que cabiam a enorme quantidade de 2mB. Hoje, rio disso, pois logo após surgiu o CD (objeto plano e redondo) em que, tanto na música quanto na informática, assumiu a postura de portador de dados em maiores quantidades. Hoje, rio também do CD. É que inventaram um tal DVD, muito parecido com o antigo CD, mas simplesmente muitas vezes mais competente. Quando pensei que íamos estagnar, surgiram os PenDrives, e eu calei-me com muita curiosidade. O que é que vem pela frente, amigão?
Bom, tenho muito mais para te dizer, mas como disse, tenho apenas 20 anos e, no pico de minha juventude, vejo-me com inúmeras coisas para fazer, algumas interessantes, outras não, mas ainda assim são coisas a serem feitas. Peço-te que me aguardes, hei de te contar mais sobre meu mundo, mas não espero que te surpreendas tanto quanto eu me surpreenderia a conhecer o teu. Acima de tudo, porém, espero que eu possa te entregar esta carta em mãos.
Um grande abraço, Lucas Di Marco (20/06/2009)"
Então, lá vai. Abraços!
"Meu jovem garoto, eu estou perto dos meus 20 anos de idade agora. E já consigo imaginar como serão os teus. Eu nasci em uma época em que tudo mudou. Pergunto-me se sequer conseguirás me compreender, mas já adianto que, hoje mesmo, poucos podem, e portanto um pouco de esforço e de atenção já bastam.
Eu sou da época em que a AIDS não tinha cura. Ainda não tem. As pessoas usam preservativos (objetos nas genitálias) para evitar a contração de doenças venéreas. O que te parece? E enquanto o governo libera coquetéis para retardar a morte, alguém (que tu já deves saber) ainda omite as soluções para tal epidemia. Por quê? Controle demográfico? Interesses financeiros? Responde-me tu, guri!
Na minha época, a revolução eletrônica explodiu. Televisões, que há anos já tinham ganhado cores, agora as têm muito mais, e em formatos compridos, imitando o velho cinema que nem deves mais conhecer. Pesquisa no Google, se ainda existir. Nessa época, ainda utilizamos computadores quadrados em forma de televisão. Eles parecem muito potentes, mas nunca o são como queremos, e certamente vão-te parecer tão ultrapassados como uma vitrola hoje me parece. Vitrola? Ah, nem sei te explicar o que é.
Eu nasci poucos anos antes da internet virar popular. Aos meus oito anos, lembro-me do meu primeiro acesso, num computador velhíssimo, e em uma velocidade que hoje me faria chorar de desespero. Como tu a verias? Para acessar a página inicial do Pokémon (um velho desenho animado oriental), eu levava quase 30 minutos e não desistia. Hoje, para ver um vídeo no Youtube (website para tal função), levo 5 minutos e reclamo, coberto de indignação. Será mesmo que um dia esperarás para acessar algo? Se é que existirá internet...
Pergunto-me hoje o que eram das pessoas antes do computador. Refiro-me a bem antes; se um dia elas imaginariam que uma caixa quadrada interligaria o mundo inteiro com um clique e alguns minutos de espera, e ainda suportasse jogos que copiassem a realidade. Meu amigo, eu não consigo imaginar o que é que tens em tua residência. Que tipo de objeto superou o Ipod, o celular, o notebook e o MP3 player, mas, analisando o passado, imagino que pensarás o mesmo que eu penso hoje: "como eles viviam sem isso?". Eu não tenho lá tanta experiência para te passar, meu descendente, mas sei já de uma coisa: nunca se sente falta do que não se conhece.
Eu lembro que, quando nasci, conheci os discos de LP e os achei ultrapassados. Na minha época inventou-se o disquete portátil, compacto, em que cabiam a enorme quantidade de 2mB. Hoje, rio disso, pois logo após surgiu o CD (objeto plano e redondo) em que, tanto na música quanto na informática, assumiu a postura de portador de dados em maiores quantidades. Hoje, rio também do CD. É que inventaram um tal DVD, muito parecido com o antigo CD, mas simplesmente muitas vezes mais competente. Quando pensei que íamos estagnar, surgiram os PenDrives, e eu calei-me com muita curiosidade. O que é que vem pela frente, amigão?
Bom, tenho muito mais para te dizer, mas como disse, tenho apenas 20 anos e, no pico de minha juventude, vejo-me com inúmeras coisas para fazer, algumas interessantes, outras não, mas ainda assim são coisas a serem feitas. Peço-te que me aguardes, hei de te contar mais sobre meu mundo, mas não espero que te surpreendas tanto quanto eu me surpreenderia a conhecer o teu. Acima de tudo, porém, espero que eu possa te entregar esta carta em mãos.
Um grande abraço, Lucas Di Marco (20/06/2009)"
6 comentários:
Caro Tataravô, depois de muitos anos estudando esta língua perdida, Português, consigo escrever para p senhor. Devo informar-lhe, que a minha geração desconhece qualquer tipo de contato físico entre pessoas e aparelhos eletrônicos. Ao nascer implantam-nos chips, semelhantes em funcionamento com os processadores de vários núcleos do seu tempo, mas com um tamanho infinitamente menor, praticamente invisíveis a olho nu. Minha sociedade se faz escrava de uma mega rede virtual , que comanda todas as pessoas diretamente, e as trata como ratos de laboratório. Minha residência consiste em uma peça pequena com um local para repousar, e um banheiro. Somos forçados pela rede a fazer atividades que muitas vezes não gostamos, e temos que aceitá-las, caso contrário eles nos usam como cobaias em experiências com coquetéis de hormônios e estimulantes para servirmos de seguranças da rede. Sinto lhe dizer que tenho inveja da liberdade que vocês possuíam, ela foi pouco a pouco desaparecendo com a fortificação do crime organizado e o surgimento de milícias. Em toda a minha existência nunca conheci o mundo lá fora, pois vivo encerrado em uma redoma junto com milhares de pessoas "zumbis". Eles dizem que é para a nossa proteção, e que tudo que fazemos é para um dia poder vivermos em um mundo melhor. Acredito que grande parte deste discurso ideológico seja besteira, e que quem está por trás disto tudo sejam aqueles, cujos nomes não posso revelar, que atuaram no mundo inteiro, influenciando a política, a economia e o estilo de vida da população ao passar das décadas. Encontro-me muito perto de descubrir o mundo lá fora, bolei um plano para escapar desta redoma, mas temo que não dure muito tempo, pois não possuo imunidade a nenhum tipo de vírus fungo ou bactéria, uma vez lá fora irei me juntar a resistência, que segundo relatos luta para reaver a igualdade e a paz, lutando contra a rede. Através de amigos, burlamos a segurança e utilizamos a máquina do tempo, para mandar isto para a sua época. Espero que ainda seja cedo o bastante, para que vocês possam fazer algo a respeito, lutem contra a corrupção e façam cair as máscaras de quem está por trás de todas as decisões tomadas no planeta, segundo li vocês usam a expressão: "The invisible hand".
Quando você estiver lendo esta mensagem provavelmente estarei do lado de fora, vivo ou morto, não importa, ao menos estarei livre.
Não deixe com que a liberdade se vá, lute até o fim!
Do seu tataraneto, Júlio Almeida de Marco Ataides.
Desculpas aceitas, o texto é muito bom e vale a pena ser lido.
Achei ótimo que tenhas colocado este texto no teu Blog. Minha irmã que mora em Porto Alegre e veio passar o feriado comigo, leu, depois que comentei com ela e outros hóspedes que estou recebendo sobre o teu talento.A foto veio ressaltar a força do teu texto.Adoro fotografar Lucas, assim registramos para o futuro as imagens de momentos únicos.Abraços.
Realmente, o texto é muito bom e vale a pena ser lido!
Se poucos podem te compreender, espero ser um deles! Adorei o texto! Só tu mesmo para escrever para teu tataraneto aos 20 anos...
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