Rezava a lenda do Mottola que, certa vez, um cocô foi encontrado na lata de lixo, ao lado da patente do banheiro principal. Muita gente se pergunta até hoje: por que alguém cagaria no lixo?
A resposta caiu no meu colo numa tarde desta semana.
Para quem nunca lá pisou, saibamos que se trata de uma antiga casa reformada, frequentada por inúmeros estudantes pela manhã e pela tarde, além de professores e outros profissionais. O banheiro principal é definitivamente luxuoso: possui uma decoração especial, com diversas plantas, pedras e móveis artesanais (até mesmo um sofá!), além de uma banheira e de um espelho gigantesco. E, claro, uma patente.
Porém, nem mesmo este sábio e inspirador recinto é perfeito. Aliás, um defeito grave foi por mim notado assim que minha bexiga forçou-me a adentrá-lo em tal data. Esperei o antigo usuário sair, cuja cara o denunciava, e logo tranquei a porta - o banheiro é extremamente disputado, mesmo nos turnos sem aula. Caminhei vários passos em direção à patente, tão comprido é o ambiente. Encontrei a tábua levantada e, da água mórbida, cumprimentava-me um cocô gigantesco, um verdadeiro tarugo.
Fiquei imóvel por alguns instantes. Só poderia ser brincadeira. O cara recém tinha saído dali e deixado a tábua levantada: quem esqueceria de dar descarga após perder 4kg de massa fecal? Ele certamente estava tonto, concluí, tamanha foi a força necessária para exorcizar aquele monstro ameaçador. O grotesco ser me encarava com certa indiferença, amarronzado, ereto e retorcido. Segui meus instintos e puxei a barulhenta descarga.
A bosta não se moveu.
Preocupado, esperei a caixa encher novamente e dei mais uma descarga. Enquanto isso, tomei coragem e urinei em cima daquele gigantesco pedaço de intestino. Apesar de a ácida amarelinha ter dissolvido um pouquinho a montanha fétida, a aparência ficara ainda pior: desta vez formou-se um caldo marrom amarelado. Quando dei a segunda descarga, porém, a surpresa: o meu xixi sumia, mas o tarugo seguia firme e ainda mais saudável.
Alguém tentou abrir a porta.
Comecei a me desesperar. O banheiro, apesar de enorme, é individual e unisex. Agora imaginem a minha situação: normalmente se faz fila para utilizar tal patente - tanto meninas quanto meninos. Até alguns professores optam pelo famoso local. O que deveria eu fazer? Não restava dúvidas de que a pessoa que estava do lado de fora não ia desistir tão fácil. Sob este contexto, planejei uma fuga.
O banheiro é, contudo, totalmente lacrado (é óbvio), e não havia como sair senão pela porta. Em pouco tempo, uma segunda tentativa de abrir a porta. Na certa era uma menina impaciente, esperando do lado de fora e, mesmo sem ter visto a porta se abrir, verificando se não a haviam destrancado e evaporado após. Algo me fez tomar uma decisão muito arriscada: desistir.
Ah, convenhamos. Eu não ia botar a mão na merda. Preferi assumir o risco. Calculei insanamente a probabilidade de ser um menino: seria aproximadamente 50% se estivéssemos tratando de genética. Não obstante, estamos tratando do Mottola, onde 96% das pessoas fazem xixi agachado, e, destas, 98,2% são mulheres. Ainda assim, ergui o peito, deixei a tábua de pé, despedi-me ironicamente da obra alheia e destranquei a porta. "Se for uma mulher, pensei, vou gritar na hora: AQUILO NÃO É MEU!".
Meu anjo da guarda estava de bom humor: o próximo também era homem.
Saí com certa rapidez e alcancei a rua, onde me misturei aos outros com eficiência e fiquei refletindo. Porém, minha vergonha foi-se esvaindo quando dei-me por conta de duas coisas. 1º: provavelmente o cagão não foi o que saiu antes de mim. 2º: provavelmente o próximo não terá a mesma sorte.
A minha piedade (leia-se alegria) completou-se quando retornei à frente do banheiro e, de súbito, notei que duas garotas aguardavam o pobre falso-cagão sair de lá, após várias descargas, cabisbaixo e com a honra evacuada.
***Moral da história: http://coconobanho.blogspot.com/
7 comentários:
Shit happens, dude.
Ah , já tava pensando que tu ia mesmo colocar a merda no lixo auhausuausausa.
abraços
ééé copa do muuuundo!
ah, Lucas, me recuso!
hahahahahahaha
... mas "coconobanho" é absurdo, para dizer o mínimo.
Tem cada uma!
Este texto é uma merda...
Verdade marcos. A merda no lixo faria muito sentido.
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